sábado, 12 de maio de 2012

Mães, Mothers & Mamuskas 



Estou postando novamente, pois continua muito pertinente em minha vida!



 "Hoje resolvi postar um assunto que está na minha mente, nos meus poros e no meu coração. Na verdade, é o que me trouxe novamente a Nova York. Estou aqui, nesta fantástica cidade, num calor forte de 30 e poucos graus, dias azuis e lindos, para ver minha filha, em seu quarto mês de faculdade aqui.

As saudades estavam enormes, daquelas em que, racionalmente, a gente fica se falando que é o melhor para ela (e é!!!!), mas que de fato trazem uma angústia imensa, aquela velha conhecida e tão sabida Síndrome do Ninho Vazio. Sabida mas ainda não vivida.

No dia-a dia a gente conserta, tenho trabalhado muito implantando uma nova franquia de eventos em São Paulo, o que me ocupa literalmente uns 75% do meu cérebro. Mas, vcs sabem, cérebro de mãe tem sempre 200%. 100% para os filhos e os outros 100% se ocupam de viver a vida.

Por mais que o Skype cumpra seu fiel papel de aproximar as pessoas, a gente se vê, a gente se ouve, a gente coloca a vida em dia em conversas diárias, trocamos carinhos de mãe e filha. Mas falta o abraço, falta o cheiro. Ah, e este cheirinho de filha faz uma falta!! É o tal do cheiro que as fêmeas de animais sentem, reconhecem seus filhos à distância, um cheiro de cria lambida, acariciada, amada.

Cheguei ontem. No aeroporto já me deu aquele aperto e uma felicidade enormes! Mas só a veria no final do dia, pois a faculdade é em período integral. Nesta cidade acolhedora mora também minha sobrinha, uma relação muito forte de tia e mãe também. Sua mãe, minha amada irmã, faleceu quando ela acabara de completar apenas 11 aninhos. Desde o dia em que esta pequena criança nasceu, já na maternidade, toda rosinha e de olhinhos azuis, talvez o bebê mais lindo que já vi, estabeleceu-se ali um laço eterno de amor. Hoje ela continua linda, minha ruivinha de olhos esverdeados, na flor de seus quase 26 anos. Linda, querida e alegre. Vim vê-la, e nos abraçamos, nos beijamos e nos sentimos. E a emoção flui solta, não importa jamais quanto tempo nos separe, mas o laço estabelecido é tão forte e seguro que imediatamente a gente vive aquele sentimento fortíssimo, e me sinto de novo mãe! Estou aqui para ver minhas meninas!

Cheguei muito cedo, deitei para descansar um pouco e fui acordada por um cheiro maravilhoso do Soufflè de Palmito da minha mãe, que era meu prato favorito, até ela parar de fazê-lo para mim. Talvez não coma esta delícia, o dela era muito especial!, já há uns 8 anos, antes do terrível Alzheimer a arrebatá-la de mim. E ontem este cheiro veio intenso, meu quarto ficou com aquele cheirinho gostoso de Lar. Até levantei para procurar, mas estava sozinha, o fogão desligado, sem panelas, sem vida. Mas senti novamente a união de mãe e filha, ela parece ter vindo marcar a presença, mostrar que será minha mãe para sempre, não importa onde ela esteja, não importa a morte, não importa nada, o que importa é que ela é minha mãe, e sempre e para sempre será. Foi a forma de me dizer: também estou aqui, filha, também quero estar neste momento de reencontro de mães!

Saí, e cheguei uma hora mais cedo na faculdade. Fiquei sentada numa cadeira, lendo, perto da sala de minha filha. Quando ela me viu, não conteve o grito, no meio dos colegas e na frente do professor, e veio correndo ao meu encontro, com lágrimas nos olhos, nos abraçamos, nos olhamos e choramos. Saudades, filha, que saudades!!!!! – Volta para a aula! Daqui a pouco estaremos juntas! – e os minutos demoraram a passar até ela terminar a aula. Chamou-me então para conhecer a turma, o professor, seu laboratório, enfim, sua vida que a levará a um futuro muito promissor. O professor de pedras preciosas foi muito sério e ao mesmo tempo carinhoso e me disse, na frente dos alunos: – She’s good! She’s very good!!! She’s the favorite student in GIA (Gemological Institute of America)!!! – Meus Deus! Quanta alegria! Meu orgulho de mãe explodiu!
Saímos de lá abraçadas, felizes, protegidas por Deus! Tudo e todos ficaram lindos aos nossos olhos, num momento mágico, só nosso! Eternamente nosso! Nos grudamos até agora de manhã, quando ela foi para a faculdade e, claro, estou contando as horas para o reencontro pós-faculdade.

No meio disso tudo, uma preciosidade, minha sobrinha trouxe com ela um dos cadernos de receitas de minha mãe! Escrito com aquela letra bonita de professora, professora de Física e Matemática. Vejo aquela letra e percebo o quanto a vida deixa marcas, deixa pistas, deixa para sempre marcas que jamais se apagarão, as formas de uma escrita! Única! Revivi ali em minha memória bilhetinhos onde ela me deixava, antes de sair: “Filhinha linda, tenha um bom dia, cuide dos seus irmãos! Beijos, com amor, Mamãe.”.

Ah, meu Deus, que bonita é a vida. Entre lágrimas e lutas, o que mais forte há é o amor. E o amor de mãe é incomparável, imensurável e até mesmo indescritível. E estou tentando escrever o que nem dá para escrever, mas quem é mãe sabe.

Para acabar o dia, vou fazer o Soufflè de Palmito, receita da mamãe, torcendo para que ele fique precioso, servido com o filé mignon ao molho madeira, à moda da casa! Lembrando que a casa é onde a gente faz, não importando a ligação que a gente tem com ela.

Um beijo às mães!" Yo.

2 comentários:

  1. Noooossa Yolanda, que texto lindo!!! Você conseguiu me arrancar lágrimas dos olhos.
    Continue sendo sempre essa mãezona dedicada e preocupada, mas com a certeza que a melhor criação é aquela que ensinamos a serem independentes e preparados para enfrentarem com maestria esse mundo às vezes cruel e outras vezes maravilhoso.
    Muitas bênçãos para suas meninas e um grande beijo no seu coração!!!!!

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    1. Linda Fatinha!
      Vc é um amor. Obrigada pelo carinho.
      Beijo muito grande,
      Yo.

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